quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Vermelho - XIV



Penso, por outro lado, nas touradas. Vestidos com os seus trajes de luzes, os toureiros lembram-me sempre belíssimas drag-queens. Não deixa de ser curioso que este jogo de homens, brutal recordação das arenas romanas, implique um guarda-roupa e uma coreografia tão veementemente femininos: o traje de luzes, a capa vermelha, os passos e requebros de ancas - trata-se, afinal, de encenar o confronto (e a paixão) entre a bela e a fera. Que a bela seja um macho, parece-me irrelevante. Nas touradas, ao contrário do que acontece na literatura, a grandiloquência é essencial.

Faíza Hayat
Xis, Jornal Público (2004)

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

sábado, 24 de setembro de 2011

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Vermelho - XI


Preto e Branco - IV


Imagem Line-art 
São imagens que apenas contêm duas cores, normalmente o preto e o branco. Por vezes são referidas como imagens bitmap porque o computador tem de usar apenas 1 bit (on =preto, off =branco) para poder definir cada pixel.

Preto - X


“Estamos a falar de um satélite que tem mais de cinco toneladas e o que está previsto é que cerca de 500 quilos atinjam a superfície terrestre, um décimo da sua massa total. Dentro desta estimativa que existe, é provável que estes 20 e tal bocados possam atingir a superfície terrestre, mas não estamos a falar do satélite inteiro nem de peças de uma tonelada ou duas, estamos a falar de coisas mais pequenas.”




http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=97&did=173973

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Preto e Branco - III


Preto e Branco - II


XADREZ

  I

No seu grave recanto os jogadores
Regem as lentas peças. O tabuleiro
Os demora até à alba em seu severo
Âmbito em que se odeiam duas cores.

Dentro irradiam mágicos rigores
As formas: torre homérica, ligeiro
Cavalo, sagaz dama, rei postreiro,
Oblíquo bispo e peões agressores.

Depois dos jogadores se terem ido,
Depois do tempo os ter consumido,
Decerto não terá cessado o rito.

No oriente incendiou-se esta guerra
Cujo anfiteatro é hoje toda a terra.
Como o outro, este jogo é infinito.


Jorge Luís Borges
O Fazedor (trad. de Miguel Tamen)

Arco-Íris



Marta Argerich e Nélson Freire

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Branco - XXX

ATROA


Já só paira
a sombra
(espelho encostado).


Na floresta
dos ocasos
só o monstro das bolachas
troa.


António O.
Matizes

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Azul - XXI



Alceu Valença

domingo, 18 de setembro de 2011

sábado, 17 de setembro de 2011

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Léo Ferré

Vim então para o atelier. No caminho liguei o rádio do automóvel. Mas, em todos os postos, eram só jingle bells e publicidade, publicidade e jingle bells. Até que desgarrada me saltou uma canção francesa: letra do Aragon, a voz do Léo Ferré. Ah, sim, conhecia-a; tinha esse disco lá em casa. E, contudo, só agora dois dos seus versos, destacando-se de todo aquele ritmo caracoleado, como dois holofotes (afinal apenas um) em conjunto me iluminavam o passado e o presente:


      J'aimais déjà les étrangères
      quand j'étais un petit enfant.


David Mourão-Ferreira
Um Amor Feliz



Léo Ferré
L'ÉTRANGÈRE

Aragon - L. Ferré


Il existe près des écluses un bas quartier de bohémiens
Dont la belle jeunesse s'use a démêler le tien du mien
En bandes on s'y rend en voiture ordinairement au mois d'août
Ils disent la bonne aventure pour des piments et du vin doux

On passe la nuit claire à boire on danse en frappant dans ses mains
On n'a pas le temps de le croire il fait grand jour et c'est demain
On revient d'une seule traite gai sans un sou vaguement gris
Avec des fleurs plein les charrettes son destin dans la paume écrit

J'ai pris la main d'une éphémère qui m'a suivi dans ma maison
Elle avait les yeux d'outremer elle en montrait la déraison
Elle avait la marche légère et de longues jambes de faon
J'aimais déjà les étrangères quand j'étais un petit enfant

Celle-ci parla vite vitre de l'odeur des magnolias
Sa robe tomba tout de suite quand ma hâte la délia
En ce temps-là j'étais crédule un mot m'était promission
Et je prenais les campanules pour les fleurs de la passion

A chaque fois tout recommence toute musique me séduit
Et la plus banale romance m'est l'éternelle poésie
Nous avions joué de notre âme un long jour une courte nuit
Puis au matin bonsoir madame l'amour s'achève avec la pluie



http://www.frmusique.ru/texts/f/ferre_leo/etrangere.htm

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

sábado, 10 de setembro de 2011

Branco - XXXII

José Mário Branco

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Amarelo - IX

                                             (Deitado de costas. Noite alta. Amanhece.)

Insónia.


O problema está em meter o sol no pão
embora a noite amarga continue
mais visível ainda noutras fomes.


Burburinhos na rua de gente apressada
para não faltar ao emprego
- não, não gritem tanto,
deixem dormir as flores.


Ponho sonâmbulo os pés no chão.
Levanto-me. Abro a janela.
(Continuo deitado)


Da cidade vem este cheiro tão bom
a princípio do mundo.


A sol incriado.


(O problema está em metê-lo no pão...)




José Gomes Ferreira
Poesia V

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Branco - XXXI


Engraçado: contar a alguém, contar com alguém. (...)
Mais engraçado ainda: tudo é contar.
David Mourão-Ferreira
Um Amor Feliz

terça-feira, 6 de setembro de 2011