quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Amarelo - XXXIX


Que se Lixe a Troika!
2 de Março de 2013



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Azul - MV


Que se Lixe a Troika!
2 de Março de 2013

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Azul - MIV


Que se Lixe a Troika!
2 de Março de 2013

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

José Afonso



José Afonso
Redondo Vocábulo
(1973)
Coliseu Lisboa
(1983)

Azul -MIII







Branco - LX


Sal Tradicional
Rota do Atlântico




http://ecosal-atlantis.ua.pt



domingo, 24 de fevereiro de 2013

Amarelo - XXXVIII

  
   (...) Tudo quanto faz o poder do Universo, faz-se num círculo. O céu é redondo, e ouvi dizer que a Terra é redonda como uma bola e que todas as estrelas o são também. O vento, no máximo da sua fúria, redemoinha. As aves fazem os seus ninhos em círculo, porque a religião delas é a mesma que a nossa. O Sol ergue-se e volta a descer num círculo. A Lua faz o mesmo, e ambos são redondos.
   Nas sua mudanças, até as estações formam um grande círculo, acabando sempre por voltar aonde estavam. A vida do homem é um círculo, que vai da infância à sua nova infância da velhice, e assim acontece com tudo aquilo em que o poder se move. Os nossos tipis eram redondos como os ninhos das aves e eram sempre dispostos em círculo - o círculo da nação, um ninho de muitos ninhos onde o Grande Espírito nos destinava a chocar os nossos filhos.


Hehaka Sapa (Alce Negro), xamã oglala-Teton Dakotas-Sioux
(autobiografia ditada a John G. Neihardt)
(1930-31)


sábado, 23 de fevereiro de 2013

Amarelo - XXXVII


Meia sola é meia sola.
Será por isso que a cola
me cheira tanto a vinagre?
Mas meia sola é milagre.
E eis o que ninguém sabe:
que neste cantinho cabe,
na penumbra da oficina,
na casca do caracol,
esta pequena aspirina
que é a largueza do sol.


Pedro Tamen
O livro do sapateiro
(2010)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Azul - MII



Ana Moura
Rumo ao Sul
(2009)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Vermelho - LI



AMI - ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL


http://www.ami.org.pt/

Cores


(...) João (nome fictício) aceitou o desafio. Desde Maio é presença habitual no jardim botânico do Museu do Traje. “Venho aqui todos os dias. É uma forma de ocupar o tempo”, afirma enquanto caminha atento entre os taludes geometricamente ocupados por ervas aromáticas: Salsa, hortelã, orégãos, manjericão. Ao fundo ergue-se uma estrutura de canas construída pelo próprio e que sustenta o ainda tímido tomateiro. “Gostaria de plantar aqui outras coisas: alfaces e couves. Dão todo o ano”, confessa.
Aos 51 anos, mais de metade vividos em Lisboa, a cidade foi tomando conta do seu espirito. Dedicou-se à construção civil. Como carpinteiro de cofragem ajudou a erguer dezenas de prédios na capital. Agora desempregado, nutre empenho, atenção e um carinho particular pela horta social. Uma espécie de regresso às origens, de quando tinha sete anos e ia para o campo, em Castelo Branco, ajudar os tios a cuidar da terra. Guarda na memória a lógica da natureza e a autoridade das estações do ano. Preocupa-se com o Tomilho que teima em não arrebitar e com as folhas amarelas que periodicamente invadem o tomateiro.
A horta social apresenta-se como um espaço simples desenhado de mosaicos verdes cravados na terra com aromas difusos a hortelã-menta e alfazema no ar. No entanto, a estética da natureza é exigente na forma e generosa no conteúdo. Enquanto espaço complementar de integração social pode ser tão grande quanto a vontade de quem o trabalha.


"Horta Social em Lisboa", AMI Notícias, nº 56
(2012)

http://ami.blogs.sapo.pt/77533.html


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

AZUL - MI


Movimento QUE SE LIXE A TROIKA!
2013





Branco - LIX

    Numas instruções de Julio Cortázar para se ter medo, dou com um parágrafo que fala de uma localidade na Escócia onde vendem livros com uma página em branco perdida algures no volume. "Se um leitor desemboca nessa página quando batem as três da tarde, morre."
      Olhei para o relógio. Eram três e dez. Há anos que não acreditava tão literalmente no que lia. Com efeito, pareceu-me que continuava vivo por puro milagre. (Na realidade, com relógio ou sem ele, é assim. Estou vivo por puro milagre.) 


Enrique Vila-Matas
Diário Volúvel
(Teorema, 2010)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Branco - LVIII


Giorgio Morandi
Still Life
(1962)
http://www.artexpertswebsite.com/pages/artists/morandi.php



    (...) Mas, de qualquer forma, que faz esse estilizado objecto em frente da minha sedentária secretária? É um jarro azul-escuro que imita na perfeição um dos que Giorgio Morandi pintava. (...) Muitos creêm firmemente que as coisas são unicamente o que parecem ser e que não há nada por detrás delas. Muito bem. No entanto, a mim basta-me levantar o olhar para o jarro que tenho em frente para que essa crença se desmorone e as leis eternas do desenho geométrico, em contrapartida, permaneçam em pé no seu lugar físico, no seu sítio, enquanto vou lendo os sinais passionais do meu alfabeto metafísico. (...)


Enrique Vila-Matas
Diário Volúvel
(Teorema, 2010)

Cores

    NOIVADO

   Estendeu os braços carinhosamente e avançou, de mãos abertas e cheias de ternura.
     - És tu Ernesto, meu amor?
     Não era. Era o Bernardo.
   Isso não os impediu de terem muitos meninos e não serem felizes.
     É o que faz a miopia.

mário-henrique leiria
Contos do Gin-Tonic 
(Ed. Estampa, 1973)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Verde - XXIV

Carvalho-americano (Quercus rubra L.)
Caniçada-Gerês
http://sombra-verde.blogspot.pt/2009/01/uma-pergunta-de-difcil-resposta.html

   


      Quero que todos saibam não estar nas minhas intenções vender uma parcela que seja da nossa terra, nem aceitar que os brancos cortem as nossas árvores ao longo dos rios, muito especialmente os carvalhos. Tenho uma predilecção particular pelos pequenos bosques de carvalhos, cujos frutos muito estimo.
      Gosto de observar esses frutos, porque eles resistem às tempestades invernais e aos calores do estio. E tal como acontece connosco, parecem com eles florescer.


Tatanka Iotanka (Touro Sentado)
Chefe dos Sioux hunkpapa
(1834-1890)


Cores



Gotye & Kimbra
Somebody That I Used To Know
(2011)

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Daniel Rodrigues


Daniel Rodrigues
World Press Photo 2013 (Daily Life)
(Guiné-Bissau, 2012)

http://www.tvi24.iol.pt/503/sociedade/world-press-photo-fotografia-daniel-rodrigues-fotografo-portugues-tvi24/1420116-4071.html

http://www.worldpressphoto.org/content/list-winners-2013-photo-contest



Azul - M


Terra e Asteróide 2012 DA14
(15/02/2013)


(...) Em observatórios astronómicos de várias partes do mundo foi seguido o trajecto do asteróide, visível em países da Europa, África e Ásia mas, principalmente, na Austrália, onde amanhecia na altura em que a rocha espacial passou.
Os asteróides e os meteoritos contêm material muito diferente daquele existente na Terra. Eles são os blocos de construção do universo, explicou à Agência Efe Joel Blum, professor da Universidade de Michigan.
O 2012 DA14 foi detectado há um ano por astrónomos no observatório La Sagra, em Maiorca, e é do tamanho de metade de um campo de futebol.
A sua passagem perto da Terra iniciou-se na direcção da Constelação de Virgem e terminará às 02:00 de sábado próximo da Estrela Polar, segundo o Centro Ciência Viva (CCV) de Constância/Parque de Astronomia, que tem o maior telescópio público de Portugal. (...)

http://sol.sapo.pt/inicio/Vida/Interior.aspx?content_id=68329



terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Azul - XMIX



Natacha Atlas e Transglobal Underground
El Hedudd
(1993)



Amor - XIX

(...) Quando estão juntos os amigos intensos são terra e ar, e água e fogo, palha e prata, luz e oiro, murmúrio das folhas, eterna canção, jura infantil, pêndulo forte, morna parede, jardim selvagem, desdém que pensa, ritmo que vem lá de muito longe, paixão que soube passar ao amor, encontro e calor.


Helder Moura Pereira
A Tua Cara Não Me É Estranha 
(Assírio & Alvim, 2004)



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Azul - XMVIII

MOVIMENTO PERPÉTUO

Com os braços curvando-se no balançar
da água, adquires a mesma textura;
os teus gestos são os do mar, e a tua
fisionomia flutua sobre o corpo do mar;
os teus cabelos sobre a pele transparente
diluem-se, próximos demasiadamente
de mínimas algas negras. A tua voz
abafa-se quando me chamas, dizes:
vem sentir a matéria da água
que podes tactear em todo o corpo,
e deixa para sempre aquele olhar
que somente delineia formas.


Fiama Hasse Pais Brandão
Cenas Vivas, Relógio D'Água, 2000

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Amarelo - XXXVI


- Vou contar-te o que sonhei esta noite – diz a Marco.
- No meio de uma terra plana e amarelada, salpicada de meteoritos e massa errantes, via ao longe elevar-se os coruchéus de uma cidade de finos pináculos, feitos de maneira que a Lua no seu caminhar possa poisar ora num ora noutro, ou balançar-se pendurada nos cabos das gruas.
    E Pólo: - A cidade com que sonhaste é Lalage. Os seus habitantes fizeram estes convites ao repouso no céu nocturno para que a Lua conceda a todas as coisas na cidade o dom de crescer e tornar a crescer sem fim.
   - Há uma coisa que tu não sabes – acrescentou o Kan. – A Lua reconhecida deu à cidade de Lalage um privilégio mais raro: o de crescer em leveza.


Italo Calvino
As Cidades Invisíveis, Ed. Teorema, 2000

Vermelho - L


Os desejos do homem devem tender para o genuíno, não para o fingido. Antigamente não se fabricavam as cores misturando terras. Só havia três cores extraídas da terra, o vermelho, o branco e o preto, e só em certos sítios se dava com elas. Quando queriam obter outras cores, os índios misturavam-lhes seivas de plantas, mas sabiam que estas cores misturadas desbotavam, podendo-se sempre reconhecer um vermelho verdadeiro, que é o vermelho feito de argila queimada.


Teri C. McLuhan
A Fala do Índio, Fenda, 2000

Amarelo - XXXV

A VIDA ÁUREA

Por vezes não deseja os extremos,
o homem. Respira o ar mediano
na meia-cena. Encosta o dorso
no espaldar, e um dia tenta
levantar-se, como se a ser sugado
pelo grande Cacus, monstro da caverna.
Na mitologia, esse homem era 
o simples, o perdedor eufórico.
Come de sua casa, veste de sua lã,
viajará na azémola.


Fiama Hasse Pais Brandão
Cenas Vivas
(2000)


Amor - XVIII

   O tio Zé que apareceu no bar do hotel não falou das minhas cartas mas disse que tinha respondido às da mãe. Não é verdade, não se podem ter perdido tantas cartas. O tio Zé percebeu que não acreditámos nele mas jurou e voltou a jurar que tinha feito tudo o que podia para libertar o pai. Talvez seja verdade, o tio Zé quase chorou de raiva quando percebeu que íamos dizendo que sim que sim só para o calar. Pode acontecer que o tio Zé não nos tenha escrito porque não tinha boas notícias para nos dar, e em vez de desamor ou desinteresse pode ter havido um amor maior que não soube fazer as coisas de outra maneira. Não interessa. Se gostava de nós tinha de ter sabido fazer o que nós precisávamos, se não for assim o amor que os outros nos têm só estorva.

Dulce Maria Cardoso
O retorno
(2011)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Amor - XVII



Biagio Marini
Meraviglia d'Amore

Marco Beasley
Private Musicke
(dir. Pierre Pitzl)


Amarelo - XXXIV





Olha!

Hoje a lua 
ronda
a todo o gás
e a canalha
corre
acesa
no cinema!

Os olhos?

São de gema!


A.Oliveira
Lugares de dia

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Arco-Íris



Dead Can Dance
The Carnival is Over
(1993)




Cores


Cores I


A cor a
naufragar
na
bica.

O gato a
cair
de cu
no
lajedo.

E aquele
senhor a
sorver
goles
de paz
de 
calmaria.

O dia?

Acastanhava...


A.Oliveira
Lugares de dia

Verde - XXIII

Caribaci




terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Branco - LVII



Voz



Ouviu-se-lhe dizer
(num traço mais)
Bom dia,
Dia!

e outro galo
cantarolou.




A.Oliveira, Lugares de dia