quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Preto e Branco - LXXVII



José Mário Branco
As contas de Deus
(2004)

sábado, 6 de setembro de 2014

Amor - XLVI






Caribaci
Amor
(a partir de um vídeo de Vhils (Alexandre Farto) - Exposição Dissection 
Museu da Electricidade - Lisboa)
(2014)

Branco - MXLII

Coimbra, 20 de Fevereiro de 1969 - Que insondável mistério é um ser humano! Quanto mais vivo e convivo - a observar homens sãos e doentes -, mais se arreiga no meu espírito a convicção de que nunca consegui conhecer verdadeiramente nenhum. O que dizemos e o que fazemos pouco ou nada revelam de nós. Por mim falo. Converso, escrevo páginas maciças de confissão, actuo, pareço transparente. E quem um dia quiser saber o que fui, terá de me adivinhar...



Miguel Torga
Diário XI, 2ª ed. revista, Coimbra, 1991

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Artur Mendes



Alexander Glazunov
Concerto em Mib para Saxofone e Orquestra op. 109
(1934)


Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras
Hakan Sensoy (dir.)
Artur Mendes (saxofone)
(2014)

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Branco - MXLI


A desobediência civil não é o nosso problema. O nosso problema é a obediência civil. O nosso problema é que pessoas por todo o mundo têm obedecido às ordens de líderes e milhões têm morrido por causa dessa obediência. O nosso problema é que as pessoas são obedientes por todo o mundo face à pobreza, fome, estupidez, guerra e crueldade. O nosso problema é que as pessoas são obedientes enquanto as cadeias se enchem de pequenos ladrões e os grandes ladrões governam o país.
É esse o nosso problema.



Howard Zinn
Disobedience and Democracy: Nine Falacies on Law and Order"
(1968)

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Amor - XLV


Eu nunca fiz senão sonhar. Tem sido esse, e esse apenas, o sentido da minha vida. Nunca tive outra preocupação verdadeira senão a minha vida interior. As maiores dores da minha vida esbatem-se-me quando, abrindo a janela para dentro de mim pude esquecer-me na visão do seu movimento.
Nunca pretendi ser senão um sonhador. A quem me falou de viver nunca prestei atenção. Pertenci sempre ao que não está onde estou e ao que nunca pude ser. Tudo o que não é meu, por baixo que seja, teve sempre poesia para mim. Nunca amei senão coisa nenhuma. Nunca desejei senão o que nem podia imaginar. À vida nunca pedi senão que passasse por mim sem que eu a sentisse. Do amor apenas exigi que nunca deixasse de ser um sonho longínquo. Nas minhas próprias paisagens interiores, irreais todas elas, foi sempre o longínquo que me atraiu, e os aquedutos que se esfumam — quase na distância das minhas paisagens sonhadas, tinham uma doçura de sonho em relação às outras partes de paisagem — uma doçura que fazia com que eu as pudesse amar.


Fernando Pessoa
O Livro do Desassossego

http://arquivopessoa.net/textos/4209