quinta-feira, 24 de março de 2016

Preto e Branco - XLIV



Christer Strömholm
Marinheiro com Leite
(1959)

http://www.marvelligallery.com/StromholmCatalogue30.html





(...) "O Fotografiska não é um museu vulgar", avisa a página da casa que acolhe a fotografia com vénia e veludo em Estocolmo. Não é vulgar, nem expectável. Com quem quer que se fale sobre a capital sueca, há um momento em que a conversa é tomada pelo silêncio. Logo se inspira e vem o suspiro: "Ah! O Fotografiska!" Entrar neste lugar de olhos postos no lago é um mergulho no silêncio de dezenas de imagens falantes. Param por aqui grandes nomes da película internacional e da magia sueca, como Christer Strömholm, o artista que não percebia nada de câmaras mas que desenhava com elas as sombras densas do mundo e dos homens. (Quarto apontamento: "No Inverno, Estocolmo é a preto e branco.")
(...)



Rute Barbedo
Público, 19/03/2016




segunda-feira, 21 de março de 2016

Cores


DE PASSAREM AVES (II)


De como e de quando
as aves passaram
tão leves aflando,
as sombras pousando
no ar que cortaram,

falei, mas não sei
que melancolia
sentida no dia
por tarde eu lembrei
na tarde que havia.

As aves passaram
e delas falei.
Do ar que cortaram
as sombras ficaram,
mas onde, não sei.





Jorge de Sena
(18/2/1956)
Fidelidade, 1958 - Poesia II, Edições 70, Lisboa, 1988

quinta-feira, 10 de março de 2016

Cores



Edvard Munch
O Grito
(1893)


http://abcplanet.com/where-is-the-scream-by-edvard-munch




(...) Uma das pinturas expressionistas mais icónicas é "O Grito", de Edvard Munch. O quadro foi mostrado pela primeira vez em 1903, como parte de um conjunto de seis peças, que não por acaso, se intitulava "Estudo para uma série chamada Amor". De facto, só entenderemos o grito em articulação com a necessidade de amor que nos habita até ao fim. No seu diário, Munch descreve a situação que terá desencadeado aquela imagem: "Passeava com dois amigos ao pôr do sol - o céu tornou-se de súbito vermelho-sangue - eu parei, exausto, e debrucei-me sobre a muralha - havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fiorde e a cidade - os meus amigos continuaram o passeio, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade - e ouvi o grito infinito atravessar a Natureza. Pintei então este quadro. Pintei as nuvens com sangue verdadeiro. As cores gritavam. (...)



José Tolentino Mendonça
Expresso, 13/02/16



terça-feira, 8 de março de 2016

Vermelho - LXXXVII


CONTRAPONTO



Vestido negro,
cinto vermelho.
Luto precoce
da tua carne.

Nele se enlaça
o meu desejo.
Vestido negro?
Cinto vermelho!





David Mourão-Ferreira
A Secreta Viagem (1948-1950), in Obra Poética - 1948-1988Ed. Presença, Lisboa, 1988

Azul - CLXXVIII




Youkali
Kurt Weil (música)
Roger Fernay (letra)
(1935)


Raquel Camarinha (voz)
Yoan Héreau (piano)
(2014)



C’est presque au bout du monde
Ma barque vagabonde
Errante au gré de l’onde
M’y conduisit un jour
L’île est toute petite
Mais la fée qui l’habite
Gentiment nous invite
A en faire le tour

Youkali
C’est le pays de nos désirs
Youkali
C’est le bonheur, c’est le plaisir
Youkali
C’est la terre où l’on quitte tous les soucis
C’est, dans notre nuit, comme une éclaircie
L’étoile qu’on suit
C’est Youkali

Et la vie nous entraîne
Lassante, quotidienne
Mais la pauvre âme humaine
Cherchant partout l’oubli
A pour quitter la terre
Su trouver le mystère
Où nos rêves se terrent
En quelques Youkali....

Youkali
C’est le pays de nos désirs
Youkali
C’est le bonheur, c’est le plaisir
Youkali
C’est la terre où l’on quitte tous les soucis
C’est, dans notre nuit, comme une éclaircie
L’étoile qu’on suit
C’est Youkali, c’est Youkali, c’est Youkali.

http://www.wukali.com/youkali-paroles-de-la-chanson-composee-par-kurt-weill#.Vt6m2n2LRXQ