quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Bela Bartók



Béla Bartók

Concerto para orquestra, movimento final
(1944)

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Arco-Íris



  Às vezes, olhava para o mapa do território amazónico, procurava a confluência do rio Yacuambi com o Nagaritza, e com o dedo seguia todas as desembocaduras dos rios cada vez maiores que iam dar ao grande Amazonas. Dos Shuar ficou-me o hábito de reunir os meus ao cair da tarde e falarmos do dia, enfeitando-o, tornando-o melhor.
     A vida prosseguiu. Um dia converge para outro. Esse caudal é tudo o que somos.

Luis Sepúlveda
histórias daqui e dali (2010)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

André Santos



André Santos Trio

domingo, 27 de novembro de 2011

Amor - VIII



Alfredo Marceneiro (letra de Augusto de Sousa)


Livros - I

A sociedade fica estranha quando nos aproximamos dos sessenta anos: falo de livros que os outros não leram, e os outros falam de livros que não me interessa ler. Mas há situações de excepção: hoje entrei num alfarrabista - e não direi  em que cidade, pois as lojas de livros usados são pátrias especiais e necessárias - sem outra intenção que não fosse olhar e reconhecer capas antigas. Numa cesta de livros "leve três e pague dois" encontrei Cavalaria Vermelha, de Isaac Babel. Quando pagava, a empregada, uma rapariga ao redor dos vinte anos, quis saber se era um bom livro. Creio que em menos de uma hora lhe contei a história da revolução bolchevique, a saga da cavalaria vermelha, e o triste e, aliás, lógico fim de um escritor que se antecipou aos acontecimentos, exercendo o mais genuíno direita da literatura: contar a História, não como foi, mas como devia ter sido.

Luis Sepúlveda
histórias daqui e dali (2010)

André Fernandes



Quarteto de André Fernandes, 2007

Vermelho - XVIII

Todas as vezes que entrava numa sala onde estava gente ele fazia-se vermelho.
Era-lhe normal corar quando alguém mentia. Sentia a mentira à distância e captava-a sem mais nem menos. O sangue dava-lhe tabefes desproporcionados e quase sufocava ao ver uma senhora a dizer quantos anos tinha. A mentira fazia-o sofrer e sentia o sopapar das veias ao vestibular-se nos hotéis dos países mais conhecidos.
Morava no bairro da Estrela. 

Ruben A.
Cores (1960)

sábado, 26 de novembro de 2011

Joseph Haydn



Joseph Haydn

Quarteto para cordas, nº 62, Opus 76, nº 3, "Imperador", 2º movimento, 1797

Schostakovich Ensemble

Branco - XXXIX




http://www.marioneteatro.com/

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Branco - XXXVII

Nós aprendemos é de adiante para trás e não de trás para diante.
De trás estamos numa espécie de nevoeiro, sabendo umas coisas, lendo na luz de outras.

Eduardo Lourenço
diário as beiras, 15/10/2011

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Preto e Branco - IX



Quarteto de Joe Morris (2009)


Não me parece relevante editarmos coisas cujo alcance já acabou. Isso seria editar jazz pelo jazz. Não é o que fazemos. Editamos apenas o jazz de hoje, o jazz contemporâneo. (...)

O jazz de hoje não é a preto e branco nem feito em caves.

Pedro Costa
Atual - Expresso, 12/11/2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Preto - XI





SERÃO TRISTES AS OLIVEIRAS?




     Aquela senhora que conheci no comboio, olhando pela janela, disse-me a certa altura que a oliveira é uma árvore triste. Olhei também e estive quase a concordar. Agora felicito-me, porque não foi preciso. Lembro-me que a senhora ia vestida de preto. Talvez lhe tivesse morrido alguém. Às oliveiras daquele olival que passava lá fora é que eu tenho a certeza que não faltava nada: nem sol, nem uma leve brisa, nem um fruto grado, prometedor. E perguntei para mim, ao descer do comboio:
      - Porque maltratamos as oliveiras?

Ruy Belo
homem de palavras (1969)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Christina Pluhar



Christina Pluhar & L'Arpeggiata

Cagarros, Cagarras


Cagarra

Branco - XXXVI

    Marco Polo descreve uma ponte, pedra a pedra.
   - Mas qual é a pedra que sustém a ponte? - pergunta Kublai Kan.
    - A ponte não é sustida por esta ou por aquela pedra - responde Marco, - mas sim pela linha do arco que elas formam.
 Kublai Kan permanece silencioso, reflectindo. Depois acrescenta: - Porque me falas das pedras? É só o arco que me importa.
     Polo responde: - Sem pedras não há arco.

Ítalo Calvino
As Cidades Invisíveis (1990)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Arco-Íris

Crosby, Still, Nash & Young



Déja Vu

domingo, 20 de novembro de 2011

Neil Young



Neil Young
Old Man (1970)


Old man look at my life,
I'm a lot like you were.
Old man look at my life,
I'm a lot like you were.

Old man look at my life,
Twenty four
And there's so much more
Live alone in a paradise
That makes me think of two.

Love lost, such a cost,
Give me things
That don't get lost.
Like a coin that won't get tossed
Rolling home to you.

Old man take a look at my life
I'm a lot like you

I need someone to love me
The whole day through
Ah, one look in my eyes
And you can tell that's true.

Lullabies, look in your eyes,
Run around the same old town.
Doesn't mean that much to me
To mean that much to you.



I've been first and last
Look at how the time goes past.
But I'm all alone at last.
Rolling home to you.

Old man take a look at my life
I'm a lot like you
I need someone to love me
The whole day through
Ah, one look in my eyes
And you can tell that's true.

Old man look at my life,
I'm a lot like you were.
Old man look at my life,
I'm a lot like you were.



http://www.lyricsfreak.com/n/neil+young/old+man_20098990.html

Pombos-Correios - I

Fotografia Aérea (1903?)

Pombo de Neubronner (1908?)

Violeta - III

SONETO PATETA I


Quem coroou a palavra de corneta
quem pôs a tormenta na caneta
quem disse poeta?


                         Lágrima sineta
faz da jumenta cinzenta
                         esta violeta.


Salette Tavares
Espelho Cego
(O Surrealismo na Poesia Portuguesa)

sábado, 19 de novembro de 2011

Amor - VII

Neste caso, eu queria exactamente um homem só, que não sabe que aquela mulher que se deita com ele é a morte. Não sabe, nem se sabe se alguma vez vez chegará a saber. E, no fim, tudo volta ao princípio. Não lhe quero chamar o eterno retorno, não é isso, é estarmos metidos num beco sem saída, não haver saída para a vida a não ser a morte. A única resposta que temos para a morte é o amor.


José Saramago (2005)
Conversas com Saramago
(José Carlos de Vasconcelos)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Amarelo - XII




Ken VandermarK

Paal Nilssen Love

Mário Laginha



Mongrel (2010)

Branco - XXXV

Teresa Dias Coelho
Dores (1994)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Preto e Branco - VII

Gaivina


"Nome vulgar extensivo a umas aves palmípedes da família dos Larídeos, algumas das quais comuns em Portugal, e também conhecidas por andorinha-do-mar, cavites, chagaz, chilreta, churreca, ferreirinho, garzina, grazina, etc."


Arco-Íris


Jorge Pinheiro
Porquê?
(1993)


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Branco - XXXIV


René Magritte

Decalcomania

(1966)

https://www.wikiart.org/en/rene-magritte/decalcomania-1966
 




Já só paira a sombra
(o espelho quebrou-se)

Na floresta dos ocasos
só o monstro do infinito
troa.

A. Oliveira
Lugares de limbo

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Branco - XXXIII

Cá fora


Abre a porta e caminha
Cá fora
Na nitidez salina do real


Sophia de Mello Breyner Andresen
Musa (1994)

Arco-Íris

Ute Lemper




Augusto Monterroso

O Dinossauro

Quando acordou o dinossauro ainda estava lá.


Augusto Monterroso

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Nina Simone




Verde - XI







Já chegaram
as petinhas!

O mundo 
anda
(vem
às pintinhas!)


e das janelas
das varandas
das cozinhas
são já outras 
as vizinhas.




A.Oliveira
Lugares de rio




domingo, 6 de novembro de 2011

Branco - XXXII

Costa de Lavos, 1960
Gérard Castello-Lopes

Arco-Íris

De tarde
 
Naquele «pic-nic» de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas.



Cesário Verde
Livro de Cesário Verde


Preto e Branco - VI

Vilancicos negros de Santa Cruz de Coimbra

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Vermelho - XV


Dante Gabrieli Rosseti
Proserpina (1874)

Amarelo - X



Na praia


Raça de marinheiros que outra coisa vos chamar
senhoras que com tanta dignidade
à hora que o calor mais apertar
coroadas de graça e majestade
entrais pela água dentro e fazeis chichi no mar?


Ruy Belo
homem de palavra(s) (1969)

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Amarelo - IX

Flores amarelas


Um dia, ouvi o seguinte:
- Estas flores dão cheiro; aquelas ali não, são amarelas.
Só então me lembrei que era o dia de corpus christi.
E não pedi nenhuma explicação.
Ruy Belo
Homem de Palavras (1969)

Verde - X

Paco Ibanez e Rafael Alberti