sábado, 17 de março de 2012

Branco - LX

Faz uma chave, mesmo pequena,
entra na casa.
Consente na doçura, tem dó
da matéria dos sonhos e das aves.


Invoca o fogo, a claridade, a música
dos flancos.
Não digas pedra, diz janela.
Não sejas como a sombra.


Diz homem, diz criança, diz estrela.
Repete as sílabas
onde a luz é feliz e se demora.


Volta a dizer: homem, mulher, criança.
Onde a beleza é mais nova.




Eugénio de Andrade
branco no branco
(1984)

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