domingo, 22 de abril de 2012

Preto - XIV

Sempre que pronunciamos alguma coisa, desvalorizamo-la singularmente. Acreditamos ter mergulhado profundamente nos abismos, mas, quando voltamos à tona, a gota de água nas pálidas pontas dos nossos dedos já não se parece com o mar de onde provém. Sonhamos ter descoberto tesouros maravilhosos numa mina, mas quando voltamos à luz do dia apenas trazemos pedras falsas e cacos de vidro; mesmo assim, o tesouro brilha, imutável, na escuridão.

Maeterlinck
(abertura de O Jovem Törless, Robert Musil, 1906)

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