terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Vermelho - LXXVIII


A Rosa
A rosa,
a imarcescível rosa que não canto,
a que é peso e fragrância,
a do negro jardim na alta noite,
a de qualquer jardim e qualquer tarde,
a rosa que ressurge da mais ténue
cinza pela arte da alquimia,
a rosa de Ariosto ou a dos Persas,
a que está sempre só,
aquela que é sempre a rosa das rosas,
a jovem flor platónica,
a ardente e cega rosa que não canto,
a rosa inatingível.

Jorge Luís Borges
Fervor de Buenos Aires
(1923)

Obra Poética, vol 1, Quetzal, 2012 (trad. de Fernando Pinto do Amaral)


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