quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Azul - MLXXI


"Vou casar-me... É um disparate, nem sequer gosto dele..." - pensou. Mas Marina distraiu-a com as perguntas que lhe fazia, e depois Branca veio ajudá-la a vestir-se, trazendo a costureira Judite como se fosse uma portadora de oferendas. Era o vestido. Parecia enorme, com folhos e saias de baixo, e uma laçada azul na cinta.
     - Uma coisa azul, para dar sorte...
  De facto, era uma extravagância de Ema. Quis sapatos azuis para acompanhar. De qualquer forma, ficou esplêndida, tendo frisado os cabelos e posto neles cachos de muguet. No peito brilhava o medalhão com turquesas, não quis privar-se de o levar.
      - Outra coisa azul, para dar sorte; nunca é demais...


Agustina Bessa-Luís
Vale Abraão, Guimarães Ed., 1991

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