Companhia das Letras, Lisboa, 2021
Matou-se capivara gorda, por fim. Dum geralista roto, ganhamos farinha-de-burití, sempre ajudava. E seguimos o corgo que tira da lagoa Sussuarana, e que recebe o do Jenipapo e a Vereda-do-Vitorino, e que verte no Rio Pandeiros - esse tem cachoeiras que cantam, e é d'água tão tinto, que papagaio voa por cima e gritam, sem acordo: - É verde! É azul! É verde! É verde!... E longe pedra velha remelêja, vi. Santas águas, de vizinhas. E era bonito, no correr do baixo campo, as flores do capitão-da-sala - todas vermelhas e alaranjadas, rebrilhando estremecidas, de reflexo. - "É o cavalheiro-da-sala..." - Diadorim falou, entusiasmado. Mas o Alaripe, perto de nós, sacudiu a cabeça. - "Em minha terra, o nome dessa" - ele disse - "é dona-joana... Mas o leite dela é venenoso..."
(p50-51)