"Cresce atrás das coisas como incêndio de verdade". (Rilke - trad. MariaT.Furtado)
sábado, 31 de dezembro de 2011
Vermelho - XX
Corrida
Ao fundo
no vale
a corrida do rio.
Perto de nós
a flor apenas
dos pessegueiros.
A.Oliveira
Lugares de rio
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Arco-Íris
É o humor de quem a olha que dá à cidade de Zemrude a sua forma. Se passarmos por ela a assobiar, de nariz no ar atrás do assobio, conhecê-la-emos de baixo para cima: sacadas, tendas a ondular, repuxos. Se caminharmos através dela de queixo contra o peito, com as unhas espetadas nas palmas das mãos, os nossos olhares prender-se-ão ao chão, aos regos de água, aos esgotos, às tripas de peixe, ao papel velho. Não se pode dizer que um aspecto da cidade seja mais verdadeiro que o outro, mas da Zemrude de cima ouve-se falar sobretudo a quem se lembra dela afundando-se na Zemrude de baixo, percorrendo todos os dias os mesmos caminhos e reencontrando de manhã o mau humor da véspera incrustrado nas paredes. Para todos mais tarde ou mais cedo chega o dia em que baixaremos os olhos ao longo dos canos dos algerozes e já não conseguiremos afastá-los da calçada. Não está excluído o caso inverso, mas é mais raro: por isso continuamos a andar pelas ruas de Zemrude com os olhos que agora já escavam por baixo das caves, dos alicerces, dos poços.
Italo CalvinoAs Cidades Invisíveis (1990)
(trad. José Colaço Barreiros)
Path - Toronto
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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Preto e Branco - XV
Ele perguntou:
- Então...! Tiveste saudades minhas?
Ela disse:
- Ouve:
Fausto Bordalo Dias
Ao longo de um claro rio de água doce
Crónicas da Terra Ardente
(1994)
- Então...! Tiveste saudades minhas?
Ela disse:
- Ouve:
Fausto Bordalo Dias
Ao longo de um claro rio de água doce
Crónicas da Terra Ardente
(1994)
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Verde - XIV
Arquipélago de Anavilhanas - Rio Negro (Amazonas)
Fausto
A Travessia
Crónicas da Terra Ardente
(1994)
Preto e Branco - XIV
” L’ombre est noir toujours même tombant des cignes.”
Victor Hugo
“É sempre escura a sombra, até mesmo dos cisnes.”
(Tradução de Eugénio de Andrade)
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Preto e Branco - XIII
José Francisco Azevedo
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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Arco-Íris
Experimentem googlar a palavra "as gajas". Aparecem por esta ordem: as gajas mais boas do mundo; as gajas são como; as gajas mais boas das redes sociais; as gajas mais feias do Facebook; as gajas do Facebook. Cinquenta anos passados sobre o nascimento do feminismo estamos nisto. Exatamente. Num mundo governado por "gajos" que dão pontuações a "gajas". (...)
Googlem a palavra gajos e que aparece? Os gajos são todos iguais. Exatamente. O algoritmo não engana.
Clara Ferreira Alves
Revista Única, 10/12/2011
The Pogues
The Pogues e Kirsty McColl
Fairytale Of New York
(Tradução)
Era véspera de Natal querida,
no bar um velho homem me disse:
- nós não teremos outro (natal)
e então ele cantou uma canção:
'The Rare Old Mountain Dew'*.
Eu virei o meu rosto e sonhei com você...
Tive um sonho de sorte,
veio dos dezoito ao primeiro,
Eu senti algo:
esse ano é para mim e para você
então Feliz Natal,
Eu te amo baby,
Eu consigo ver uma fase melhor
Quando todos os nossos sonhos se realizarem!
Eles tem carros grandes como barras,
Eles tem rios de ouro,
mas o vento sopra em direção a você,
não há lugar para o que é velho!
Quando você pegou minha mão em uma fria véspera de Natal,
você prometeu que 'Broadway' esperava por mim...
Você era bonito / você era bonita, rainha de New York
Quando a banda parou de tocar eles pediram mais!
Sinatra estava se balançando,
todos os bêbados estavam cantando,
e nós nos beijamos na esquina e dançamos durante a noite...
[REFRÃO]
E os garotos do coral do N.Y.P.D estavam cantando "Galway Bay",
E os sinos estavam tocando para o dia de Natal!
Você é um vagabundo, você é um punk!
Você é uma vadia drogada, deitada quase morta naquela cama!
Você é um imoral, um verme, um viado ridículo!
Feliz Natal seu imbecil, eu espero que seja nosso último...
[REFRÃO]
E os garotos do coral do N.Y.P.D estavam cantando "Galway Bay",
E os sinos estavam tocando para o dia de Natal!
Eu poderia ter sido alguém...
Mas qualquer um poderia,
você pegou os meus sonhos de mim
quando nos encontramos pela primeira vez.
Eu mantenho eles comigo baby!
Eu coloco eles junto a mim!
Não pode fazer tudo sozinha,
Eu construi meus sonhos junto a ti!
[REFRÃO]
E os garotos do coral do N.Y.P.D estavam cantando "Galway Bay",
E os sinos estavam tocando para o dia de Natal!
E os sinos estavam tocando para o dia de Natal!
(*) 'The Rare Old Mountain Dew' = refere-se a uma bebida dos Estados Unidos.
(*) N.Y.P.D = Departamento de Policia de Nova Yorque.
http://letras.terra.com.br/no-use-for-a-name/28648/traducao.html
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domingo, 25 de dezembro de 2011
Nina Simone
Nina Simone
FODDER ON HER WINGS
(1978)
A bird fell to earth
Reincarnated from her birth
She had fodder in her wings
She had dust inside her brains
She flitted here and there
United States, Switzerland, France, England, everywhere
With fodder in her wings
And dust inside her brains
Oh how sad
Oh how sad
Oh how sad
She watched the people how they lived
They'd forgotten how to give
They had fodder in their brains
They had dust inside their wings
She watched them how they tried to live
They'd forgotten how to give
They had fodder in their wings
They had dust inside their brains
Oh how sad
Oh how sad
Oh how sad
A bird fell to earth
Reincarnated from her birth
She had fodder in her wings
She had dust inside her brains
She flitted here and there
United States, France, England, everywhere
With fodder in her wings
And dust inside her brains
Oh how sad
Oh how sad
Oh how sad
She watched the people how they lived
They'd forgotten how to give
They had fodder in their wings
They had dust inside their brains
She watched them how they tried to live
They'd forgotten how to give
They had fodder in their wings
They had dust inside their brains
Quel pays
Quel pays
Quel pays
(Transcribed by Monique Adriaansen - September 2005)
http://lyricsplayground.com/alpha/songs/f/fodderonherwings.shtml
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Franz Schubert
Franz Schubert
Sonata para Violoncelo e Piano, D.821, III Allegretto
(1824)
Miklós Perényi, Violoncelo
András Schiff, Piano
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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Paulo Nozolino
Paulo Nozolino
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Preto e Branco
sábado, 17 de dezembro de 2011
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Louis Armstrong
Louis Armstrong
Basin Street Blues
(1928)
Won't you come and go with me
Down that Mississippi
We'll take a boat to the land of dreams
Come along with me on, down to New Orleans
Now the band's there to greet us
Old friends will meet us
Where all them folks goin to the St. Louis cemetary meet
Heaven on earth.... they call it Basin Street
[ Lyrics from: http://www.lyricsfreak.com/l/louis+armstrong/basinml ]
I'm tellin' ya, Basin Street...... is the street
Where all them characters from the first street they meet
New orleans..... land of dreams
You'll never miss them rice and beans
Way down south in new orleans
They'll be huggin'.... and a kissin'
That's what I been missin'
And all that music....lord, if you just listen'
New Orleans....i got them Basin Street blues
Now ain't you glad you went with me
On down that Mississippi
We took a boat to the land of dreams
Heaven on earth...they call it Basin Street
http://www.lyricsfreak.com/l/louis+armstrong/basin+street+blues_20085360.html
Shirley Horn
Won't you come along with me
to the Mississippi
we'll take a boat to the land of dreams
Steam down the river, down to New Orleans
The band's there to meet us
Old friends there to greet us
Where all the proud and elite folks meet
Heaven on earth, they call it Basin Street
Basin Street is the street
where the best folks always meet
in New Orleans, land of dreams
you'll never know how nice it seems,
or just how much it really means
Glad to be, oh yes-siree
Where welcome's free and dear to me
Where I can lose, lose my Basin Street Blues
Basin Street, oh Basin Street
Is the street, mama
New Orleans, land of dreams
http://www.hotlyrics.net/lyrics
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Edvard Grieg
Birgit Nilsson
Edvard Grieg
Um Sonho
(1889)
Kirsten Flagstad
Edvard Grieg
Um Sonho
(1889)
Kirsten Flagstad
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Vermelho - XIX
Dia
O dia?
Uma passadeira
(ao rubro!)
para o futuro escorregar.
A.Oliveira
Lugares de dia
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Neil Young
Neil Young
Tin soldiers and Nixon coming,
We're finally on our own.
This summer I hear the drumming,
Four dead in Ohio.
(...)
(1970)
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
domingo, 11 de dezembro de 2011
sábado, 10 de dezembro de 2011
Amor - IX
Henry Moore
Figura Reclinada (1929)
http://www.henry-moore.org/pg/exhibitions/past-exhibitions/2010/henry-moore-at-tate-britain
PEDRA-POEMA PARA HENRY MOORE
Um homem pode amar uma pedra
uma pedra amada por um homem não é uma pedra
mas uma pedra amada por um homem
O amor não pode modificar uma pedra
uma pedra é um objecto duro e inanimado
uma pedra é uma pedra e pronto
Um homem pode amar o espaço sagrado que vai de um
[homem a uma pedra
uma pedra onde comece qualquer coisa ou acabe
onde pouse a cabeça por uma noite
ou sobre a qual edifique uma escada para o alto
Uma pedra é uma pedra
(não pode o amor modificá-la nem o ódio)
Mas se a um homem lhe der para amar uma pedra
não seja uma pedra e mais nada
mas uma pedra amada por um homem
ame o homem a pedra
e pronto
Emanuel Félix
O vendedor de bichos
(1965)
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Camilla Watson
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Arco-Íris
Projecto Crono Lisboa - Arte Urbana
Blu
Os Gêmeos
Sam3
(2010)
Ericailcane
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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Verde - XIII
Mensagem
Partirei em meu cavalo verde
de olhos cor de infinito
e hei-de procurar por todos os caminhos
a estrela que me pertence
Depois, com raízes na tua existência
meus braços crescendo para o céu
Meu destino de pássaro e árvore
Emanuel Félix
O Vendedor de Bichos
(1965)
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Violeta - VII
Aqueles dois lampiõezinhos chamavam para a Peña dos Parra, para o palácio da irmandade ao lado de uma guitarra e de um copo de vinho. Nesse tempo não precisávamos de mais para nos amarmos, nada mais nos fazia falta para sermos felizes.
Nessa casa de paredes de adobe, de aroma chileno, de cor chilena, de calor chileno, vivia o espírito de Violeta, e com ela cantavam Isabel, Ángel, Victor Jara e tantos outros, tão grande e gloriosa foi a cultura chilena dos anos sessenta e setenta.
Luis Sepúlveda
histórias daqui e dali (2010)
Violeta Parra
Violeta VI
Ángel Parra, 2011
Em Maio deste ano, Ángel Parra deu um concerto no Casino de Gijón. Na penumbra olhava para o meu amigo, sempre elegante, vestido de preto e com uma écharpe branca, a cantar as canções de todos, essas mesmas canções que no velho casarão da calle Carmen, 340, nos tiravam o cansaço ou nos convidavam a amar mais ainda as nossas companheiras. Ángel é um monumento à dignidade, mas a isso não dá qualquer importância, e quando lhe perguntei como ia a Peña dos Parra, mal deixou entrever que havia problemas.
Luis Sepúlveda
histórias daqui e dali (2010)
Ángel Parra, 2011
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Violeta - V
Isabel Parra, 1973
Há alguns anos assisti a um recital de Isabel Parra em Paris. No Teatro Aleph, do Cuervo Castro, não cabia um alfinete, e eu ouvia e olhava para a cantora, para a minha amiga que com o cuatro nas mãos originava uma múltipla transformação. Ela era uma vez mais aquela Isabel, aquela Chabela pequenina e bela, de olhos brilhantes e voz acariciante. Eu e muitos dos que lá estavam éramos de novo rapazes que rondávamos os vinte anos e nos aquecíamos com o fogo da sua voz e o vinho servido na Peña dos Parra, a salvo do frio, do perigo, da morte e dos exílios que estavam eminentes.
Luis Sepúlveda
histórias daqui e dali (2010)
Isabel Parra, Teatro Aleph, 2011
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Branco - XXXXII
LEGENDA
Hoje, quero da vida
Que ela seja tranquila;
Que seja uma dor e doa,
Mas uma dor boa:
Sem o sal que na ferida
A torna mais dorida.
Emanuel Félix
Poemas de Melibeia
(1965)
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Cores
Liberdade
A que sabe
a liberdade?
A frutos
silvestres
a despontarem
por aqui
e ali!
A.Oliveira, Lugares de dia
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Violeta - IV
Fora Roxo educado com padres e irmãos leigos, estivera estendido mago e morto numa praia atlântica, salvara-se de um poço por obra e graça de S. Tibúrcio - de trinta dias de indulgências plenárias no mês de Abril, com aleluias dedicadas especialmente a S. Frutuoso, do Arcebispado de Braga. E uma vez com exemplo, o nobre Duque de Orléans chamou-o a Paris tentando na alquimia da fama encontrar sossego para os seus achaques. Deixou também Roxo obras sobre sangrias e receitas tão famosas de boticário que ainda hoje se passam no País de Basto, junto ao Condado Portucalense. Rezam as velhas crónicas e os incunábulos de cartórios cistercienses que ele era doutorado com três borlas e um capelo pela sábia Universidade de Poitiers, e uma vez reconhecidos os seus altos méritos de estudos científicos no estrangeiro, lhe haviam dado, em Portugal e a título oneroso e por favor ministerial, a equivalência de uma carta de curso do segundo ciclo liceal, com expressa reserva no aproveitamento e frequência de línguas vivas, notadamente no francês; ponteava meias misturando na ajuda da mão esquerda farelo com serrim em partes iguais; acompanhou o Sagrado Viático a casa de um doente de embófia e a jogar gamão foi levado à glória por uma tal Violeta, mulher de acepipes variados, dengosa de anca e almondegada nas falas.
Ruben A.
Cores (1960)
Daniel Mordzinski
Luis Sepúlveda
Daniel Mordzinski
Daniel Mordzinski é um homem esperado pelas histórias que querem ser fotografadas, pois sabem que a sua câmara possui outra maneira de contar.
Luis Sepúlveda
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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Arco-Íris
Abba (1976)
Can you hear the drums Fernando?
I remember long ago
another starry night like this
in the firelight Fernando
you were humming to yourself
and softly strumming your guitar
I could hear the distant drums
and sounds of bugle calls
were coming from afar
They were closer now Fernando
every hour, every minute
seemed to last eternally
I was so afraid Fernando
we were young and full of life
and none of us prepared to die
and I’m not ashamed to say
the roar of guns and cannons
almost made me cry
There was something in the air that night
the stars were bright, Fernando
they were shining there for you and me
for liberty, Fernando
though we never thought that we could lose
there’s no regret
if I had to do the same again
Now we’re old and grey Fernando
since many years
I haven’t seen a rifle in your hand
can you hear the drums Fernando?
Do you still recall the fateful night
we crossed the Rio Grande?
I can see it in your eyes
how proud you were to fight
for freedom in this land
There was something in the air that night
the stars were bright, Fernando
they were shining there for you and me
for liberty, Fernando
though we never thought that we could lose
there’s no regret
if I had to do the same again
I would my friend, Fernando
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