quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Branco - LXXXVII

   Gosto de me roçar brando pelo lume das águas ou cursar forte impelindo a violência do temporal. Há largo mar por onde correr. Vagas, ondas, ondinhas, cavo-as, encrispo-as, encrespo-as, encristo-as, adondo-as, amacio-as, borbulho-as e marulho-as, espraio-as espumantes por areais ocres, bege-acinzentados. Acende-se a tempestade e em ira as estoiro contra a penedia, lhes rodopio surbiões de voragem, malícia minha, lhes adoço e amaino  fúrias, bondade minha, por todos os oceanos, rios e lagos do mundo. Gosto de as soprar e, com elas, as ondas do tempo e os farrapos e cuspinhos das vidas dos mortais. Vou e venho, a entretecer laços e histórias, enredos entrançados de sucessos, aqui e acolá, além, agora, ontem, amanhã, que tudo é hoje...

Fernando Campos
O Lago Azul
(2007)

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