(...) De madrugada deixei Cárpatos e não olhei para trás. A meu lado uma menina italiana desenhava peixes e ovelhas e barcos. Perguntei-lhe o que mais gostara da ilha e ela disse-me que tinham sido os bigodes dos gatos e uma velha muito pequenina. Perguntei-lhe como se chamava e ela disse-me que era Sara, e às vezes Giulia, ou Cristina, ou Silvia, ou Martina, ou Anna.
Não olhei para trás e tentei adormecer. Não há caminhos para fora de uma ilha, só voltas ao mesmo, ideias circulares rodeadas de azul. Todos os homens deveriam ter uma no meio do mar, onde deixassem os amores que sobram e dias que já não podem ser vividos.
Afinal, que há-de a gente fazer?
Nuno Camarneiro
Expresso, 19/o1/2o13
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