terça-feira, 9 de maio de 2017

Vermelho - XCII



Num dia como qualquer outro
o espaço abriu-se enfim
em duas partes iguais
enquanto entre as pedras
pontualmente
nasciam entre ervas selvagens.

Então as coisas
apressaram-se a aprender a ler
a escrever e a contar.

Um carro vermelho desceu a falésia
como um cão com sede
e o sol veio pousar na minha mão.

Um cataclismo ainda criança
sem palavras
destruiu toda uma cidade.

Lá longe
abriram-se janelas
na superfície do mar.



Áfricas 67




Artur do Cruzeiro Seixas
Obra Poética - I, Edições Quasi-Fundação Cupertino de Miranda, 2002

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