domingo, 10 de fevereiro de 2013

Amarelo - XXXVI


- Vou contar-te o que sonhei esta noite – diz a Marco.
- No meio de uma terra plana e amarelada, salpicada de meteoritos e massa errantes, via ao longe elevar-se os coruchéus de uma cidade de finos pináculos, feitos de maneira que a Lua no seu caminhar possa poisar ora num ora noutro, ou balançar-se pendurada nos cabos das gruas.
    E Pólo: - A cidade com que sonhaste é Lalage. Os seus habitantes fizeram estes convites ao repouso no céu nocturno para que a Lua conceda a todas as coisas na cidade o dom de crescer e tornar a crescer sem fim.
   - Há uma coisa que tu não sabes – acrescentou o Kan. – A Lua reconhecida deu à cidade de Lalage um privilégio mais raro: o de crescer em leveza.


Italo Calvino
As Cidades Invisíveis, Ed. Teorema, 2000

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