Sobre a terra que veste de verde, corre desvairado o vento norte. A continuar assim, dentro em pouco a planície ficará sem cor, dum verde assado, porque o vento é o vento e ao verde só quadra o fluir calmo da seiva de Maio.
Há um velho, quase um arco, dobrado para o chão, que tem os seus mimos viçosos: fruteiras carregadas de promessas suculentas, videiras com folhas largas escondendo um tesouro. E há o vento agora, este vento agreste que uiva enraivecido, que põe nas mãos das árvores um estremeção de morte.
Idalécio Cação
Raízes na Areia (Contos) - O Velho e o Vento
(1968)
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