O pássaro que se apaga
É durante o dia que ele aparece, no dia mais branco.
Pássaro.
Bate as asas, voa.
Bate as asas, apaga-se.
Bate as asas, ressurge.
Pousa. E depois desaparece. Com um bater de asas
apagou-se no espaço branco.
É assim que se comporta o meu pássaro familiar,
o pássaro que vem povoar o céu
do meu pequeno pátio. Povoar?
Bem se vê de que maneira...
Mas permaneço quieto, a contemplá-lo,
fascinado pela sua aparição,
fascinado pela sua desaparição.
Henri Michaux
Antologia, Relógio D'Água, 1999
(trad. Margarida Vale de Gato)
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