POEMA PARA LAURENCE CALEGHARI
Com extrema aplicação,
como quem escreve um poema,
compõe o pintor a sua paleta.
Primeiro os brancos, com que inventa os navios. Logo
os amarelos, imenso campo de trigo.
Com os vermelhos,
hasteia uma bandeira. Enquanto
os azuis cumprem o destino do vento.
Com o verde
preenche a alegria das folhas.
E os castanhos são
a pele húmida dos montes.
Finalmente o preto.
Com ele escreverá
apenas a palavra liberdade.
Paris, 1979
Emanuel Félix
A Viagem Possível-Poesia (1965/1992), Vega, s/d
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