"Cresce atrás das coisas como incêndio de verdade". (Rilke - trad. MariaT.Furtado)
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
Vermelho - LXXXIV
Luis Pastor e Lourdes Guerra
Aproximação
(Luis Pastor-música)
(2006)
Aproximação
Vem mansamente, aérea como asa
Ou aroma entornado de luar,
Na quentura vermelha duma brasa,
Entre a cinza macia do olhar.
Vem num bailado alado e serpentino,
Salpicado de estrelas e miragens,
Na força preguiçosa do felino,
No sussurro do vento nas folhagens.
Vem, secreto bruxedo doutro mundo,
Donde trouxeste o espelho em que me vejo,
Mergulhemos os dois até ao fundo,
Estilhaçado o silêncio pelo desejo
José Saramago
Poemas Possíveis, Portugália Ed., Lisboa
(1966)
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quarta-feira, 21 de outubro de 2015
Amor - LV
Brigada Victor Jara
Chamarrita (trad. Madeira)
(1984)
Chamarrita, chama, chama
Já dormi na tua cama
Já tua boca beijei
Já gozei dos teus carinhos
E outras coisas que eu cá sei
Volta minha chamarrita
A cavalo no meu peito
Não cabe um amor tão grande
Num palácio tão estreito
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sábado, 10 de outubro de 2015
Branco - MLXXI
(…) Mas é também agora que se
propõe como tema destes Jardins de 2015 a Luz da Cidade. (…)
Sempre a cidade…
Nunca esquecendo que, simbólica e
cientificamente, a clara cor da luz – o branco – é resultado luminoso da junção
de todas as outras cores: diversas, diferentes, mestiças, plurais.
É habitual terminarem estes
editoriais com uma citação poética a propósito.
Mas isso não se fará este ano.
Desta vez, propomos encontrar a poesia na própria luz da cidade, na
transparência do seu quotidiano. Sempre a jardinar o prazer dos encontros, o
gozo das práticas artísticas, o livre debate das ideias.
Afinal… o exercício da cidadania.
João Luís Oliva
Catálogo, Jardins Efémeros
Viseu, 2015
Cinzento - XI
(…) Chamam à coisa, de forma
endeusada a Internet das Coisas ou, de forma ainda mais eufórica, a Internet de
Todas as Coisas. (…)
Cada um de nós terá uma “caixa
negra” como os aviões. Com os nossos dados pessoais mais detalhados. A questão
que se levanta é se as autoridades poderão ter acesso a esses dados. Nessa
caixa negra (que não tem existência fixa) poderão saber a localização em
determinado dia e hora, analisando os registos telefónicos, conjugando as
batidas cardíacas e respiração, níveis de ansiedade e por vezes os ácidos no
estômago ou se a pressão arterial se manteve estável. E conjugar esses dados
com o padrão de sono, ou se alterou a dieta e se manteve a rotina, se zapou
mais a TV, se caminhou mais ou menos, se ficou em casa ou saiu. Estou a especular
com os sensores que temos hoje e não com os que nos poderão espiolhar dentro de
5 ou 10 anos. Já houve um incidente este ano, que foi noticiado pela imprensa
especializada: a smart TV da Samsung tinha um dispositivo para escutar a casa
das pessoas. (...)
Luís Pedro Nunes
Vícios, Jornal Expresso, 2/10/2015
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segunda-feira, 5 de outubro de 2015
sexta-feira, 2 de outubro de 2015
Vermeer
Vermeer de Delft
É a manhã no copo:
Tempo de decifrar o mapa
Com seus amarelos e azuis,
De abrir as cortinas - o sol frio nasce
Nos ladrilhos silenciosos -,
De ler uma carta perturbadora
Que veio pela galera da China:
Até que a lição do cravo
Através dos seus cristais
Restitui a inocência.
Murilo Mendes
Poesia Liberdade
(1947)
Jan Vermeer
A Lição de Música
(1664)
https://en.wikipedia.org/wiki/File:Jan_Vermeer_van_Delft_014.jpg
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Preto e Branco - XLII
O POEMA
Um poema como um gole d'água bebido no escuro.
Como um pobre animal palpitando ferido.
Como pequenina moeda de prata perdida para sempre na
floresta nocturna.
Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa condição
de poema.
Triste.
Solitário.
Único.
Ferido de mortal beleza.
Como um pobre animal palpitando ferido.
Como pequenina moeda de prata perdida para sempre na
floresta nocturna.
Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa condição
de poema.
Triste.
Solitário.
Único.
Ferido de mortal beleza.
Mario Quintana
O Aprendiz de Feiticeiro
(1950)
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