(…) Chamam à coisa, de forma
endeusada a Internet das Coisas ou, de forma ainda mais eufórica, a Internet de
Todas as Coisas. (…)
Cada um de nós terá uma “caixa
negra” como os aviões. Com os nossos dados pessoais mais detalhados. A questão
que se levanta é se as autoridades poderão ter acesso a esses dados. Nessa
caixa negra (que não tem existência fixa) poderão saber a localização em
determinado dia e hora, analisando os registos telefónicos, conjugando as
batidas cardíacas e respiração, níveis de ansiedade e por vezes os ácidos no
estômago ou se a pressão arterial se manteve estável. E conjugar esses dados
com o padrão de sono, ou se alterou a dieta e se manteve a rotina, se zapou
mais a TV, se caminhou mais ou menos, se ficou em casa ou saiu. Estou a especular
com os sensores que temos hoje e não com os que nos poderão espiolhar dentro de
5 ou 10 anos. Já houve um incidente este ano, que foi noticiado pela imprensa
especializada: a smart TV da Samsung tinha um dispositivo para escutar a casa
das pessoas. (...)
Luís Pedro Nunes
Vícios, Jornal Expresso, 2/10/2015
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