sábado, 10 de outubro de 2015

Cinzento - XI



(…) Chamam à coisa, de forma endeusada a Internet das Coisas ou, de forma ainda mais eufórica, a Internet de Todas as Coisas. (…)
Cada um de nós terá uma “caixa negra” como os aviões. Com os nossos dados pessoais mais detalhados. A questão que se levanta é se as autoridades poderão ter acesso a esses dados. Nessa caixa negra (que não tem existência fixa) poderão saber a localização em determinado dia e hora, analisando os registos telefónicos, conjugando as batidas cardíacas e respiração, níveis de ansiedade e por vezes os ácidos no estômago ou se a pressão arterial se manteve estável. E conjugar esses dados com o padrão de sono, ou se alterou a dieta e se manteve a rotina, se zapou mais a TV, se caminhou mais ou menos, se ficou em casa ou saiu. Estou a especular com os sensores que temos hoje e não com os que nos poderão espiolhar dentro de 5 ou 10 anos. Já houve um incidente este ano, que foi noticiado pela imprensa especializada: a smart TV da Samsung tinha um dispositivo para escutar a casa das pessoas. (...)




Luís Pedro Nunes
Vícios, Jornal Expresso, 2/10/2015

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