- Vês?... Vês?...
Alfredo acotovelava a Abérola. O coro, na límpida suavidade da manhã, ganhava nova beleza, mais claro som:
- Flôr da murta,
Raminho de freixo...
- Ainda vais muito zangada?...
Dizia-lho baixinho, muito meigamente, muito carinhosamente:
- Não! Eu não sei zangar-me com ninguém!
Punha nos olhos dele toda a ternura dos seus olhos dum azul tranquilo. De longe, veladamente, vinha e voltava a cantiga já apagada pela distância:
A cobra pelo penedo,
Corre que desaparece.
Quem dá confiança a homens
- Oh flor da murta
Grande castigo merece!
Ela levantou os olhos risonhos:
- Merece?...
- Merece... - Beijos!
- Mau!
Raimundo Esteves, A Maria Abérola, Edição da Casa Havanesa, Figueira da Foz, s/d, p65-66.
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