O espelho que não conseguia dormir
Era uma vez um espelho de mão que quando ficava sozinho e ninguém nele se via sentia-se muito mal, como se não existisse, e talvez tivesse razão; mas os outros espelhos faziam troça dele, e quando à noite os guardavam na mesma gaveta do toucador dormiam a sono solto, satisfeitos, alheios à preocupação do neurótico.
Augusto Monterroso, A ovelha negra e outras fábulas, Angelus Novus Editora, Coimbra, 2008, p31.
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