Que terrível tempo este, a que somos obrigados a chamar nosso! Sobre este tempo e os seus males, sobre estes dias e os seus medos, as vozes erguem-se para proclamar o óbvio e baixam-se para proclamar o absurdo. As palavras levantam-se para afirmar o injusto e caem para gaguejar o inútil. Lemos os que escrevem os que escrevem sobre esta crise e reparamos que a sua escrita está sempre do lado da morte. A mostruosidade quer mais monstruosidade e a avidez exige mais avidez. Todos apontam o dedo a todos, todos desviam o olhar de todos, mas todos se fazem com todos. Os culpados de ontem são os inocentes de hoje e os inocentes de hoje serão os culpados de amanhã.
José Manuel dos Santos
Expresso, 11/12/2010
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