O pior é ouvir os que são réus a falarem como juízes. Ouvir dizer o horror com alegria sádica ("È preciso acabar com o Estado providência"). Ouvir dizer a esperança com tristeza masoquista ("É preciso mudar de vida"). Ouvir dizer a palavra "mercados" como se a rezassem. Os que se ajoelhavam perante os ameaçados donos do hoje erguem-se agora para os insultar - e ajoelham-se já em frente dos anunciados donos do amanhã que lhes canta aos ouvidos. São sempre os mesmos a fazer o mesmo para obter o mesmo.
José Manuel dos Santos
Expresso, 11/12/2010
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