FÁBULA
Eu e a anciã falávamos com ardor
da argúcia dos animais que nos rodeavam
nos recessos da quinta. Suave, o balir
das ovelhas ao sairem de manhã para a miragem.
Latir dos cães, cavo e alucinado
pelas formas nocturnas. Só nos conciliava
o lirismo dos melros, de cuja fala
nos apoderámos ambas. Nós e as aves
temíamos as sombras que viviam
debaixo das ramagens encarquilhadas.
Fiama Hasse Pais Brandão
Cenas Vivas, Relógio D'Água
(2000)
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