XADREZ
II
Ténue rei, sesgo bispo, encarniçada
Dama, torre directa e peão ladino
Sobre o negro e branco do caminho
Buscam e travam sua batalha armada.
Não sabem que a mão assinalada
Do jogador governa o seu destino,
Não sabem que um rigor adamantino
Lhes sujeita o arbítrio e a jornada.
Também o jogador é prisioneiro
(A sentença é de Omar) de outro tabuleiro
De negras noites e de brancos dias.
Deus move o jogador e este a peça.
Que Deus atrás de Deus a trama tece
De pó e tempo e sonho e agonias?
Jorge Luís Borges
O Fazedor
(1960)
Difel, trad. de Miguel Tamen, revista por Luísa Costa Gomes e Juan Carlos Vásquez (2002)
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