quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Amarelo - LXIV


CARTA A MANUEL


(...)

             Tentúgal toda a rir de casas brancas!
A boa aldeia! Venho cá todos os meses
E contrariado vou de todas essas vezes.
Venho ao convento visitar a linda freira,
Nunca lhe falo: talvez, hoje, a vez primeira...
Vou lá comprar um pastelinho, que eu bem sei
Que ele trará dentro um bilhete, isto sonhei:
Assim o pastelinho, ó ventura sonhada!
Tem de recheio o coração da minha Amada.
Abro o envelope ideal. Vamos a ver.. - Traz? - Não!


Regresso a Coimbra só com o meu coração.

               
       Coimbra, 1888-89-90





António Nobre
, Livraria Tavares Martins, 14ª ed., 1968

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