quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Branco - CLXXVII


COMUTADOR


                                      Para o Pedro Oom




Ergo-me de ii no zimbório
de folhas na penedia do castelo medieval
de limos na humidade da praia
de cristais entre os rochedos do Cabo Horn


Caminho de gelo na floresta
de sôfrego na vastidão do deserto
de louco na brancura do hospício


EU abismo, eu cratera
inclinei-me e vi um espectáculo caprichoso: uma unha branca
uma unha branca a viver assim despreocupada


OGIVA-BORBOLETA
Arco-de-Cor caído muito triste
Casulo de quem ninguém falou
Teia de Aranha exposta à loucura e ao tempo
Andorinha-Azul de chapéu mole e baratas na cama
VENTOINHA.



António Maria Lisboa
Ossóptico e Outros Poemas (1952), in: Poesia, Assírio & Alvim, 2008


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